sábado, 16 de abril de 2011

Saia do clube das perdidas!

Por Karine Bighelini, 15/04/11
Ando meio perdida! Aliás, arrisco em dizer que não estou sozinha nesta constatação. Há uma semana atrás, conversando com uma amiga que já está fora do Brasil há um bom tempo, descobri que estatisticamente esta "população" vem crescendo progressivamente. "Já existe até um clube", disse ela. "E caso também estejas, és a sexta que percebo neste mês...". Brincadeiras à parte, seria cômico se não fosse trágico! Mulheres bem sucedidas, inteligentes, bonitas; mas, não tão bem resolvidas...

Comecei, então, a divagar nesta "crise da identidade feminina". A moda é estar na moda, ser bonita e contemporânea, pertencer a padrões, a modelos sociais, "estar" feliz a qualquer custo. Parecer natural? Talvez, sim! Às vezes, a originalidade é "chique", é "on", é "up". E é nesse viés cultural ("ser ou não ser, eis a questão") que muitas mulheres se perdem.

A inautenticidade tornou-se uma praga social. Tudo o que pertence ao outro (ou melhor, à outra), soa-nos melhor! Perdemo-nos em um universo alheio, em uma realidade paralela que se sobrepõe a nossa de uma forma muito natural. Capaz de produzir, anos mais tarde, uma crise de tempos e modos verbais. É o encontro do imperfeito do subjuntivo com o futuro do pretérito: "Ah, se tivesse agido de tal forma, teria sido mais feliz...". "Se pensasse desta forma ontem, hoje seria bem diferente...".

Há falta de paralelismo entre nossos comportamentos. Há ambiguidade de sujeitos em nossas relações! Escravizamos o interior, aprisionando nossas vontades. Em contrapartida, ressaltamos a embalagem produzida por outros olhares, por outras idéias concebidas. Acabamos mostrando várias identidades em detrimento de uma. Uma que deveria ser nossa e única. Será que está valendo à pena?

Em 2008, no Jornal O Globo, Roberto Damatta pronunciou uma frase emblemática: “Vivemos num mundo curioso. Tudo o que nele ocorre é global, universal e uniforme e, no entanto, os eventos que mais chamam a atenção são os que têm um feitio único, singular, especial.” Voltemos, então, a nossa exclusividade, a nossa singularidade. O sentido é ser única, é pensar e agir do nosso jeito. Portanto, saia do clube das “perdidas”... Encontre-se com sua identidade!

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