quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quem sou eu?


Por Karine Bighelini, 06/10/11

De onde vim, nada existia. Cresci na roça, semeei grãos, amansei cavalos e aonde quer que eu fosse, aprendia algo diferente. Minha infância e adolescência foram construídas nesse meio: mato, terra, ar puro e uma vida simples de que hoje sinto saudades...

De onde vim, nada existia. Vivia subindo em árvores, descendo montes e, no vaivém dessa correria, aprendia que a vida passava rápido demais...

De onde vim, nada existia. Sempre quis ir a um lugar aonde o tempo passasse calmamente, não me importando com as “tais horas disso” e com as “tais horas daquilo”...  

De onde vim, nada existia. O que existia, na verdade, era um mundo irreal em que todos esses cenários eram alimentados pela minha imaginação. Sonhar sempre foi a única coisa que podia fazer com maestria. Não precisava de dinheiro para isso e nos momentos em que podia estar sozinha, viajava para esse lugar onde, realmente, queria estar...

Sou assim: de alma leve e com espírito de uma égua selvagem. Não quero ser domada, programada; mas sim, livre e dona de mim mesma. Não espero a aprovação de ninguém, espero a liberdade de poder viver no “meu lugar”, onde as pessoas respeitem umas às outras, sem rótulos, sem estereótipos, apenas respeitem...

Sou assim: criadora de um mundo ideal, talvez irreal... Mas, não importa! O que importa é para aonde pretendo ir e onde pretendo ficar. Esses são os únicos sentidos e objetivos a serem seguidos. Se no final de tudo, conseguir preencher esses ideais, a vida terá valido a pena...

Sou assim: sigo o fluxo da simplicidade, sigo a trilha da liberdade e chegarei onde a felicidade deve estar!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ler nas entrelinhas...

Por Karine Bighelini, 22/09/11


Na aula anterior de Elaboração de Textos e Revisão Gramatical, fomos convidados a responder um “jogo surpresa” em, apenas, 10 minutos. Tal experiência rendeu-nos algumas reflexões pelas quais fomos surpreendidos com os resultados apresentados, ao final, pelo professor.  Em nossa grande lição e, humildemente, parafraseando Mário Quintana, pudemos constatar: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.

Alguns sintomas de nossa desenfreada modernidade são observados em brincadeiras lúdicas como essa descrita acima. O corre-corre do dia-a-dia corrobora a teoria de que a pressa é inimiga da perfeição; mesmo assim, vivemos constantemente em um grande paradoxo: é preciso ser rápido e a eficácia é imprescindível... Será que estamos devidamente preparados? Será que a velocidade exigida está em perfeita consonância com nosso organismo? O que tem sido mais relevante: a rapidez ou a assertividade?

Questionamentos como esses norteiam pesquisas no mundo todo e algumas conclusões merecem ser discutidas. Nosso cérebro é uma “máquina” que, como todas, precisa ser programada e revisada constantemente. Somemos, agora, todas as informações recebidas a cada minuto, a cada hora, a cada dia... Imagens, sons, informações midiáticas, pensamentos produzidos a partir do que vemos e sentimos são, somente, exemplos do que essa “máquina” precisa processar, filtrar e, finalmente, armazenar ou não... Não temos, aqui, um processo padrão, pois somos indivíduos únicos. Logo, as práticas de armazenamento podem ser diferenciadas. E é a partir dessa conclusão que precisamos entender que não podemos ser produtos formatados conforme nossa sociedade atual pressupõe. Os estereótipos criados são mantidos, justamente, porque não estamos programando nossa vida de acordo com nossos anseios e objetivos desejados. E isso pode ser, perfeitamente, possível...


Mas, o que Mário Quintana tem a ver com tudo isso? Tudo! Português, poesia; vida moderna, velocidade; enfim, sapiência, sabedoria... Naquela ocasião, 09 perguntas e 10 minutos foram o cenário para concluirmos que a literalidade não é suficiente para entendermos, de forma eficaz, o que nos é proposto. Precisamos, acima de tudo, de algo mais: a “máquina” não vive sem suas subjetividades. E a assertividade, inicialmente questionada, revela-nos que sabedoria não é sinônimo de conhecimento; mas sim, de um conjunto de dados, experiências e práticas construídas e reavaliadas. O que tiramos de tudo isso? Que não basta ler, é preciso “ler nas entrelinhas”...

sábado, 23 de abril de 2011

Um brinde à sabedoria das letras!

Por Karine Bighelini, em 23/04/11

Escrever com alma satisfaz todo e qualquer tipo de inspiração
Quando ela vem, não importa o lugar tampouco o momento
Nunca a desperdiço, jamais a deixo de lado!

O momento é esse, a hora é agora...
Quem disse que intuição é coisa controlável, é programável?
Alguém falou, um dia, que não somos senhores do nosso querer,
Portanto, regras demais atrapalham, esvaziam-se no tempo...

Ser previsível é ser pobre de espírito,
É ser tolo de alma, de amor, de vida!
Feliz é quem pode escrever todo dia algo diferente, quente, ardente...
Algo que fique no tempo, que marque a vida de outro alguém!

Anjos me dizem algo a todo momento,
Em cada esquina, em cada instante que vivo,
Percebo a presença e a força do que vem do alto!
Talvez você não entenda, mas viver ultrapassa qualquer tipo de entendimento...
Porém não é preciso entender tudo,
Algumas sensações são muito melhores do que as certezas que, às vezes, pensamos ter!

Prefiro as possibilidades, os acasos com todas as suas inesperabilidades!
Não corro atrás do que é certo, mas daquilo que me faz feliz!
Não fico esperando o momento ideal,
Às vezes a espera pode levar uma vida inteira...

Escrevo, sobretudo, para dar vazão aos meus sentimentos!
Prendo-me a valores, a ações afirmativas, a pessoas especiais...
Dispenso o vazio do silêncio, o grito dos sem-razão, a ofensa de quem nada diz!
Presto atenção às palavras: escritas, faladas, sussurradas,
Mas, àquelas em que o prazer de lê-las, ouvi-las, senti-las,
Minh'alma procura, espera, corre atrás!

Então, um brinde à sabedoria das letras!
Um brinde a toda palavra que permanece em nossas memórias...
E a toda inspiração de quem, ao escrever,consegue
Revigorar sonhos,
Transformar vidas
E reescrever histórias!

sábado, 16 de abril de 2011

Saia do clube das perdidas!

Por Karine Bighelini, 15/04/11
Ando meio perdida! Aliás, arrisco em dizer que não estou sozinha nesta constatação. Há uma semana atrás, conversando com uma amiga que já está fora do Brasil há um bom tempo, descobri que estatisticamente esta "população" vem crescendo progressivamente. "Já existe até um clube", disse ela. "E caso também estejas, és a sexta que percebo neste mês...". Brincadeiras à parte, seria cômico se não fosse trágico! Mulheres bem sucedidas, inteligentes, bonitas; mas, não tão bem resolvidas...

Comecei, então, a divagar nesta "crise da identidade feminina". A moda é estar na moda, ser bonita e contemporânea, pertencer a padrões, a modelos sociais, "estar" feliz a qualquer custo. Parecer natural? Talvez, sim! Às vezes, a originalidade é "chique", é "on", é "up". E é nesse viés cultural ("ser ou não ser, eis a questão") que muitas mulheres se perdem.

A inautenticidade tornou-se uma praga social. Tudo o que pertence ao outro (ou melhor, à outra), soa-nos melhor! Perdemo-nos em um universo alheio, em uma realidade paralela que se sobrepõe a nossa de uma forma muito natural. Capaz de produzir, anos mais tarde, uma crise de tempos e modos verbais. É o encontro do imperfeito do subjuntivo com o futuro do pretérito: "Ah, se tivesse agido de tal forma, teria sido mais feliz...". "Se pensasse desta forma ontem, hoje seria bem diferente...".

Há falta de paralelismo entre nossos comportamentos. Há ambiguidade de sujeitos em nossas relações! Escravizamos o interior, aprisionando nossas vontades. Em contrapartida, ressaltamos a embalagem produzida por outros olhares, por outras idéias concebidas. Acabamos mostrando várias identidades em detrimento de uma. Uma que deveria ser nossa e única. Será que está valendo à pena?

Em 2008, no Jornal O Globo, Roberto Damatta pronunciou uma frase emblemática: “Vivemos num mundo curioso. Tudo o que nele ocorre é global, universal e uniforme e, no entanto, os eventos que mais chamam a atenção são os que têm um feitio único, singular, especial.” Voltemos, então, a nossa exclusividade, a nossa singularidade. O sentido é ser única, é pensar e agir do nosso jeito. Portanto, saia do clube das “perdidas”... Encontre-se com sua identidade!