terça-feira, 16 de outubro de 2007

É preciso sonhar...

Por Karine Bighelini
Sonhar faz parte da existência humana. Mais do que nunca precisamos ser personagens visionários em nossas vidas. Somos movidos, a todo instante, de motivações, desejos, necessidades, motivos para permanecermos entusiasmados, não só com o presente, mas, inclusive, com projeções futuras. Se perguntarmos para qualquer pessoa: o que lhe motiva todas as manhãs acordar? Certamente, teremos respostas diversas, respectivamente, de acordo com cada necessidade individual. Somos seres totalmente distintos e o que nos diferencia é exatamente os nossos sonhos de conquista.

Aprendemos, desde pequenos, que para vencermos na vida, temos de estudar e trabalhar para termos uma família feliz, um emprego estável e um rendimento interessante. O que esquecem de nos dizer é que para vencermos na vida, precisamos sonhar... Pois só através dos nossos sonhos é que poderemos idealizar, planejar e concretizar a nossa tão esperada felicidade.

Augusto Cury, em seu livro Nunca desista de seus sonhos, expõe que: “A juventude mundial está perdendo a capacidade de sonhar. Os jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Desejos não resistem às dificuldades da vida, sonhos são projetos de vida, sobrevivem ao caos”.

Podemos entender esse processo quando analisamos a mente humana e seu potencial ilimitado. Temos aqui uma incongruência, pois apesar de possuirmos uma ferramenta imensa, é cientificamente comprovado que utilizamos muito aquém de nosso potencial. O índice de utilização de neurônios, em nosso dia-a-dia, varia, em média, de 1% a 10% (algumas pesquisas alertam para o índice máximo de 7%). Sem dúvida nenhuma, o ser humano possui uma fonte inesgotável de conhecimentos a ser descoberta e utilizada.

A nossa educação é permeada de mandatos negativos que oprimem nossa naturalidade, capacidade de expressão e inteligência criativa. Crescemos imersos em uma “cultura do não” e, aos poucos, construímos um comportamento baseado em padrões pré-definidos, enraizando nosso desenvolvimento. Dentre os chamados “comportamentos não-naturais”, produzidos ao longo de nossa infância, temos como uma das conseqüências a busca exacerbada pelo perfeccionismo. O medo de errar, de não acertar na primeira vez, está intimamente ligado ao receio de sermos criticados e rejeitados. Isso gera um padrão inconsciente, onde precisamos nos condicionar ao erro zero, senão somos excluídos. A cultura do descartável, juntamente, com a cultura do perfeccionismo são os propulsores para o desenvolvimento de barreiras que impedem nossa intrínseca criatividade e inovação.

Nesse desenvolvimento natural, acabamos crescendo e transpondo essa padronização dentro do cenário corporativo. Ao chegarmos lá, nos deparamos com um grande paradigma institucional: o discurso x a práxis. Ao mesmo tempo em que a criatividade é exigida, a cultura e o ambiente organizacionais, juntamente com o poder (e aqui, abro um espaço para dizer que alguns líderes acham que isso é o mesmo que autoridade), impedem que a inovação tenha espaço na corporação.

Levantamentos científicos mostram que, ao longo dos anos, essa construção de cenários, comportamentos não-naturais, modelos pré-definidos, refletem na saúde psicológica de um número considerável de pessoas, produzindo reações psicossomáticas. Dentre elas, destacamos a desmotivação, a apatia, a descrença em melhorias e, inclusive, a incapacidade de viver o presente. Quero me ater a essa última consideração: a incapacidade de viver o presente; para, então, voltarmos ao início de nossa conversa: é preciso sonhar...

Temos de voltar a acreditar em nosso potencial imaginário e criativo. E para isto, precisamos mergulhar em nossas mentes, fomentar nosso tão necessário autoconhecimento, para descobrir o que nos move e para onde queremos chegar. Se não entendemos o nosso presente, jamais conseguiremos construir o futuro. E essa tarefa deve ser perene em nossas vidas. A mudança é o bem melhor que podemos ter, e sem ela, perdemos nossa capacidade de sonhar e de realizar sempre e cada vez mais!

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