terça-feira, 16 de outubro de 2007

Comunicação não é tecnologia... é relacionamento!

Por Karine Bighelini
Hoje, somos filhos reagentes à tecnologia. Somos cobrados, mesmo inconscientemente, por três desafios: pelo nosso comprometimento, pela atenção aos detalhes e por terminarmos o que começamos. A sociedade imediatista transformou-nos em profissionais preocupados somente com o futuro, questionando nossas potencialidades, virtudes e fraquezas. A cada caminhada tecnológica, nos deparamos com um cenário de inovações, conhecimentos e práticas. Será que estamos preparados para esse presente?

A comunicação deixou de ser necessidade, para tornar-se um diferencial. Nossas relações, sejam elas familiares, profissionais ou sociais, fazem de nós, indivíduos cibernéticos e distantes. Seria essa a consequência esperada da chamada evolução tecnológica? Em um mundo cada vez mais digital, o homem consagra-se com suas inovações e, ao mesmo tempo, enlouquece tentando acompanhar o ritmo que ele mesmo postulou.

Não há mais dúvida de que a aceleração da sociedade moderna reinventou as formas de relacionamento interpessoais, fazendo da distância física um mero detalhe. Às vezes, até esquecemos dos Kms que nos separam e, por um instante, acreditamos estar lado a lado. Entretanto, essa chamada instantaneidade de contatos, lugares e pessoas só acontece porque, entre nós, há uma ferramenta tecnológica intermediando e gerenciando essas relações. Por um lado, a rapidez, o online; por outro, a impessoalidade.

Quando analisamos esse fato no mundo corporativo, devemos pensar em alguns pontos norteadores desse processo. O primeiro deles diz respeito à construção da eficiência organizacional. O mercado corporativo, seja em que segmento, não sobrevive mais às deficiências de processos, à falta de qualidade dos produtos e serviços e ao desequilíbrio da sinergia produtiva de seu capital humano. Quando um desses itens entra em colapso, sua imagem reflete-se no mercado como uma desvantagem competitiva. Se percebermos que os três fatores só ocorrem se houver equilíbrio entre as redes interpessoais de uma empresa, concluímos que a aliança entre a comunicação empresarial e a eficiência corporativa é uma necessidade ímpar.

O segundo ponto refere-se à inovação no ambiente organizacional. Num mundo competitivo como o que vivemos, sem essa habilidade funcional, nenhuma empresa tem condições de diferenciar-se da concorrência, pautando-se estrategicamente no mercado. Mas em que sentido os organismos empresariais buscam inovar? Somente no desenvolvimento de novos produtos? Não tão somente. Buscando-se uma visão mais inovadora... – perdão pela palavra, mas inovar não é somente inventar, mas refazer melhor... -, modernizando-se o princípio, as empresas podem e devem inovar em várias óticas, tais como: processos, relacionamento com clientes, novos mercados... e inclusive no relacionamento com seu público interno. Sem esse agente transformador, o potencial criativo, mesmo existente em todos nós, não encontra oxigênio para a sua proliferação. O que precisamos nas empresas é de um ambiente altamente propício à cultura da inovação. E mais uma vez, percebemos que o fator comunicação é fundamental para essa transformação. Precisamos de lideranças que estimulem a ação autônoma, a tomada de decisões e a criatividade funcional para que a comunicação tenha uma consequência macro e promova o processo inovador.

Um último fator deve ser acrescido a essa análise: a forma como lidamos com as exigências desse novo mercado. Somos cobrados, a todo instante, em fazermos o melhor e em sermos os melhores. Hoje em dia, não basta ser bom, tem de parecer bom! Aos olhos de tudo e de todos, o profissional acaba tendo maior relevância do que a própria essência humana. O maior desafio desse século é encontrar o equilíbrio entre esses dois papéis e perceber que a qualidade dos relacionamentos humanos é fundamental para a evolução da sociedade, inclusive a organizacional. Cada vez mais o conviver, o compartilhar e o pensar no todo são pontos indispensáveis para a sadia relação entre as pessoas e para a produtividade dentro das esferas empresariais.

É preciso que o foco seja a comunicação e não os meios de comunicação. Talvez tenhamos evoluído ao status tecnológico e deixado, em segundo plano, a emoção na mais pura essência da palavra. Acredito que, no entanto, alguns grandes líderes e "entendedores de gente" estejam percebendo essa grande parceria dentro das empresas. É interessante lembrarmos que nos últimos fóruns nacionais e internacionais de Gestão de Pessoas, a grande discussão volta-se ao lado humano como foco determinante da estratégia organizacional. Será que estamos descobrindo a chave para o sucesso empresarial ou talvez redesenhando o processo humano ? Fica a pergunta no ar e, talvez, a certeza de que estamos caminhando para grandes mudanças!

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