terça-feira, 3 de junho de 2014

Valentina era e não sabia...

Por Karine Bighelini, em 23/05/14

Valentina estava além da chamada “média feminina”. Era o sonho de toda mulher: linda, inteligente e despretensiosamente envolvente. Com uma única diferença: ela não sabia disso...
Toda manhã, refletia sobre sua vida: acertos, percalços, dúvidas, desilusões. Conseguia encontrar nela (em sua vida), uma lista infindável de acontecimentos – dizia ela – “fora do seu controle”. Em cada retrocesso mental, perdia-se nos detalhes menos importantes, esquecendo-se que a palavra “controle” somente é conjugada de forma coerente no dicionário.
Vagando, procurando, rememorando o passado, a ela apresentava-se desconhecido o presente temporal. 
Como diria um sábio ditado: “Deus dá dentes a quem não come nozes!”
E muitas gostariam de ter a dentição de Valentina... Somente os dentes... Sem a fala, sem as preocupações e inquietudes.
Mulher, realmente, é um bicho esquisito. Fala demais, reclama sobremaneira, muitas vezes, não tendo a mínima ideia de tamanha inquietação. Já o homem, objetivamente é menos complexo, menos racional, minimizando o que em nós prevalece em demasia.
Ao que tudo indica, Valentina fora vitimada pela síndrome do casamento fracassado. Depois de 15 anos ao lado de seu único marido e primeiro namorado, ou seja, monoganicamente ingênua na arte de flertar, mal sabia para onde e como olhar o gênero masculino.
Um dia, ouvindo uma conhecida na arte da sedução, ganhara um conselho: “Ao achares o escolhido, olhe-o nos olhos firmemente, conte até 03 segundos e somente depois desvie o olhar. É batata”. Pois bem, naquela mesma semana, em uma festa pela noite de Porto Alegre, achara o escolhido. De sua mente, a instrução recebida teimava em não sair da teoria à prática. Pensava ela: “são só 03 segundos. Nunca imaginei que 03 segundos representassem uma eternidade para mim!”
Naquela noite, Valentina aprendera que a arte do amor exige muito mais do que instruções... Faltava-lhe o jeito, a dose, o bê-a-bá de uma conquista entre macho e fêmea. Pois bem, se isso era o problema, resolvido estava! A partir daquele momento, percebera que em cada lugar onde adentrara, um detalhe antes chegava e se impunha: o seu olhar. Os delicados e difíceis 03 segundos tornaram-se 04, 05, 06... E então, já não eram preciso noites somente, os dias com suas 24 horas ganharam atenção especial para a sua arte.
O mundo masculino rendia-se, agora, ao seu charme, beleza e encanto. Percebia que as qualidades antes não enxergadas, aliadas a toda prática desenvolvida, rendiam-lhe resultados ágeis e significativos.  E não houve mais noites nem dias iguais em sua vida...
Ouso dizer que felicidade é algo que não se ganha na loteria, tampouco encontra-se perdida na carteira! Conquista-se, preenche-se, revela-se... E não venha me dizer que a vida do vizinho(a) é mais divertida ou poética. O verbo aqui é movimento, e não, estagnação!
E eu ainda continuo ouvindo aquela conversa de elevador: “Tá faltando homem no mercado... Bonito, então, nem se fala: ou é casado ou já tem um namoradO! Será que uma agência de encontros pode resolver o Meu problema???”
Acho que o feminismo descontruiu a essência dos relacionamentos e nem mesmo os homens conseguem compreender o que nos move...
Que voltem a poesia, a gentileza de um abrir de portas, flores e a simplicidade dos recadinhos ao lado da cama! Que ressurjam o brilho no olhar, o abraço matinal e o aconchego de um casal! Mulher não precisa ser sempre fatal! Às vezes o que sobra é a fatalidade de uma vida programada, razão exacerbada e um bom dia, oi e até logo...
Entenda que uma mulher Valentina é, antes de tudo, sujeito, verbo e predicado! E nada mais...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

E que seja em breve...



                                                                                                         Por Karine Bighelini, 05/12/13
Um dia a humanidade entenderá o verdadeiro significado da palavra igualdade.
Um dia, quem sabe, não precisaremos “olhar com os olhos” para aceitarmos o outro...
E a voz do coração falará mais alto, independente de nossas convicções!

Haverá um momento em que as cores, as raças e os credos serão somente características,
Jamais um limiar entre as diferenças sociais comumente impostas...

Talvez possamos, assim, construir pontes ao invés de muros separatistas,
E quem sabe tenhamos a “unidade racial” como nossa maior força humana!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quero apenas voar!

Por Karine Bighelini, 22/11/13


Hoje quero ser do contra, do outro lado, do oposto, daquilo que ninguém quer falar. Resolvi fazer do meu jeito... Simples assim! Alguém já não disse que a unanimidade é burra?

Ah, se todos seguissem seus “próprios eus”...
Ah, se a direção de nossos instintos se dispusesse de qualquer norma ou medo de viver!
Quanta originalidade não seria dispensada,
Quanta tristeza poderia ser evitada!

Quisera que todos nós pudéssemos “seguir” somente a genialidade humana.
E ao menos, uma vez ao dia, termos a intensidade de Mário Quintana!

Com seu inesquecível Poeminha do Contra, autores tradicionalistas ousaram criticá-lo pela sua simplicidade linguística.
“Somente” inesquecível foi o que ele conseguiu ser!
Tantas interpretações desde 1978 e ainda, hoje, sua famosa estrofe leva o público a devaneios e entendimentos semânticos:
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Há liberdade maior do que o voo de um pássaro?
Ser livre, ser solto, ser seu dono...
Ter asas: que combustível invejável!

Não quero atravancar, quero libertar-me...
Não quero ficar, quero simplesmente passar...
Não quero ser “imortal”, quero apenas voar, voar e voar!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pensamento do dia...

                                                                                                                      Por Karine Bighelini, 11/10/13

Percebi que as surpresas acompanham-me sempre, a cada dia...
Para que criar extensas expectativas ou planejar o impensável?
Vinte e quatro horas são perfeitamente suficientes para me surpreender
Não preciso mais do que isso para vislumbrar algo novo e encantador!

sábado, 28 de setembro de 2013

Maravilhas da Internet....

Por Karine Bighelini, 28/09/13

Hoje me deparei com uma citação minha usada em uma dissertação no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática - Mestrado em Educação Matemática - de Anderson Antônio de Araújo. O título: Abordagem de alguns lugares geométricos planos em um ambiente de geometria dinâmica.
Eu que sempre fui avessa aos números e à própria temida Matemática, fui surpreendida de forma impensável. Sei que alguns textos meus já foram utilizados em algumas faculdades pelo Brasil, mas esta é a primeira vez que o mundo das exatas me encontra... Acostumada em escrever sobre comunicação, gestão de pessoas, liderança e algumas crônicas da vida, jamais pensei nesse encontro meio avesso... rsrs
Eis aí a citação:


Sucesso é, antes de tudo, a exata e intransferível sensação 
de fazermos aquilo de que gostamos. Não há nada mais 
gratificante do que a realização de nossos sonhos! 
Quando identificamos o que efetivamente nos motiva, 
conseguimos entender e buscar a verdadeira razão de 
nossa existência: O poder de sonhar e de realizar.
Karine Bighelini


E exatamente num momento em que estou reencontrando e buscando aquilo que sempre soube e gostei de fazer, tal passagem teórica, escrita há algum tempo, caiu, literalmente, como uma luva em minha vida!
Agradeço ao Anderson, que ainda não conheço, agradeço à vida, por momentos sublimes como estes, e agradeço às maravilhas da Internet, que transformam espaços virtuais em aprendizados únicos e, quem sabem, imortais!

Link da dissertação: http://diadematematica.com/docentes/wp-content/uploads/2013/04/Abordagem-de-alguns-lugares-geom%C3%A9tricos-planos-em-um-ambiente-de-geometria-din%C3%A2mica.pdf

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Apropria-te daquilo que realmente mereces!


Por Karine Bighelini, 14/08/13
Imagina o poder de tua vida fluindo dia-a-dia
Imagina a força latente que o teu pensamento produz,
Sente o fluir dos teus sentimentos mais puros, mais intensos.

Aprende a sorrir em todos os momentos que vivencias
Recebe cada segundo como um bálsamo de abundância e amor
Espera sempre o melhor de cada situação, de cada pessoa ao teu redor.

Em tua caminhada, observa como és abençoado...
Como tens todos os motivos para seres feliz!
Agradece diariamente por estares vivo,
Por estares neste mundo aprendendo e evoluindo como um ser único!

Imagina o poder de teu pensamento,
Transformando tudo o que pode ser mudado.
Imagina o pulsar que o teu coração pode conduzi-lo
Sente que a cada momento podes colher somente o melhor!

Esquece o que fostes e foca no que queres ser a partir de agora!
A cada momento, intenciona tuas ações, transformando-as, transmutando-as...
Projetar a intenção é caminhar em direção ao que melhor esperas em tua vida.

Portanto, não penses no "como irás conseguir"....
Reprograma-te, reconstrua-te e reequilibra-te mentalmente.
Essa tríade de ações é a escada para tua nova existência!

Jamais duvides do teu poder transformador
E não desistas daquilo que te move.
Imaginar é projetar,
Visualizar é criar expectativas mentais.

A partir de agora, comanda e aciona o teu poder!
Desapega-te daquilo que não mais te serves e apropria-te do que realmente mereces! 

domingo, 23 de junho de 2013

Ah... a maturidade!

Por Karine Bighelini, 23/06/13
Quantos dizem tê-la,
Quantos dizem apreciá-la,
Quantos dizem e, definitivamente, “vivem” a não encontrá-la!

Maturidade define consciência e razão “aplicada”,
Traz o equilíbrio da palavra com o exemplo através da prática.
Sente-se, entende-se, absorve-se e aplica-se...

Sabe-se que o amadurecimento sempre chega...
Para alguns, mais rápido...
Já para outros, o tempo cobra... E caro!

Faz da “velha pintura” uma “nova leitura” da alma!
Conduz-nos à aquiescência do que é certo e do que se deve fazer...
Leva-nos à plenitude equilibrada e ao fortalecimento espiritual.

Mostra comportamentos, define condutas e, então, recicla atitudes.
E é exatamente nesse momento que a reescrita vale à pena,
Que sua negação (a imaturidade) sai de cena e adormece plena!

A maturidade... Ah, a maturidade!
Que o tempo não seja longo ao encontrá-la...
Que o tempo seja o presente,
Que ela esteja (e permaneça) nas entranhas de nossa alma!



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quem sou eu?


Por Karine Bighelini, 06/10/11

De onde vim, nada existia. Cresci na roça, semeei grãos, amansei cavalos e aonde quer que eu fosse, aprendia algo diferente. Minha infância e adolescência foram construídas nesse meio: mato, terra, ar puro e uma vida simples de que hoje sinto saudades...

De onde vim, nada existia. Vivia subindo em árvores, descendo montes e, no vaivém dessa correria, aprendia que a vida passava rápido demais...

De onde vim, nada existia. Sempre quis ir a um lugar aonde o tempo passasse calmamente, não me importando com as “tais horas disso” e com as “tais horas daquilo”...  

De onde vim, nada existia. O que existia, na verdade, era um mundo irreal em que todos esses cenários eram alimentados pela minha imaginação. Sonhar sempre foi a única coisa que podia fazer com maestria. Não precisava de dinheiro para isso e nos momentos em que podia estar sozinha, viajava para esse lugar onde, realmente, queria estar...

Sou assim: de alma leve e com espírito de uma égua selvagem. Não quero ser domada, programada; mas sim, livre e dona de mim mesma. Não espero a aprovação de ninguém, espero a liberdade de poder viver no “meu lugar”, onde as pessoas respeitem umas às outras, sem rótulos, sem estereótipos, apenas respeitem...

Sou assim: criadora de um mundo ideal, talvez irreal... Mas, não importa! O que importa é para aonde pretendo ir e onde pretendo ficar. Esses são os únicos sentidos e objetivos a serem seguidos. Se no final de tudo, conseguir preencher esses ideais, a vida terá valido a pena...

Sou assim: sigo o fluxo da simplicidade, sigo a trilha da liberdade e chegarei onde a felicidade deve estar!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ler nas entrelinhas...

Por Karine Bighelini, 22/09/11


Na aula anterior de Elaboração de Textos e Revisão Gramatical, fomos convidados a responder um “jogo surpresa” em, apenas, 10 minutos. Tal experiência rendeu-nos algumas reflexões pelas quais fomos surpreendidos com os resultados apresentados, ao final, pelo professor.  Em nossa grande lição e, humildemente, parafraseando Mário Quintana, pudemos constatar: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.

Alguns sintomas de nossa desenfreada modernidade são observados em brincadeiras lúdicas como essa descrita acima. O corre-corre do dia-a-dia corrobora a teoria de que a pressa é inimiga da perfeição; mesmo assim, vivemos constantemente em um grande paradoxo: é preciso ser rápido e a eficácia é imprescindível... Será que estamos devidamente preparados? Será que a velocidade exigida está em perfeita consonância com nosso organismo? O que tem sido mais relevante: a rapidez ou a assertividade?

Questionamentos como esses norteiam pesquisas no mundo todo e algumas conclusões merecem ser discutidas. Nosso cérebro é uma “máquina” que, como todas, precisa ser programada e revisada constantemente. Somemos, agora, todas as informações recebidas a cada minuto, a cada hora, a cada dia... Imagens, sons, informações midiáticas, pensamentos produzidos a partir do que vemos e sentimos são, somente, exemplos do que essa “máquina” precisa processar, filtrar e, finalmente, armazenar ou não... Não temos, aqui, um processo padrão, pois somos indivíduos únicos. Logo, as práticas de armazenamento podem ser diferenciadas. E é a partir dessa conclusão que precisamos entender que não podemos ser produtos formatados conforme nossa sociedade atual pressupõe. Os estereótipos criados são mantidos, justamente, porque não estamos programando nossa vida de acordo com nossos anseios e objetivos desejados. E isso pode ser, perfeitamente, possível...


Mas, o que Mário Quintana tem a ver com tudo isso? Tudo! Português, poesia; vida moderna, velocidade; enfim, sapiência, sabedoria... Naquela ocasião, 09 perguntas e 10 minutos foram o cenário para concluirmos que a literalidade não é suficiente para entendermos, de forma eficaz, o que nos é proposto. Precisamos, acima de tudo, de algo mais: a “máquina” não vive sem suas subjetividades. E a assertividade, inicialmente questionada, revela-nos que sabedoria não é sinônimo de conhecimento; mas sim, de um conjunto de dados, experiências e práticas construídas e reavaliadas. O que tiramos de tudo isso? Que não basta ler, é preciso “ler nas entrelinhas”...

sábado, 23 de abril de 2011

Um brinde à sabedoria das letras!

Por Karine Bighelini, em 23/04/11

Escrever com alma satisfaz todo e qualquer tipo de inspiração
Quando ela vem, não importa o lugar tampouco o momento
Nunca a desperdiço, jamais a deixo de lado!

O momento é esse, a hora é agora...
Quem disse que intuição é coisa controlável, é programável?
Alguém falou, um dia, que não somos senhores do nosso querer,
Portanto, regras demais atrapalham, esvaziam-se no tempo...

Ser previsível é ser pobre de espírito,
É ser tolo de alma, de amor, de vida!
Feliz é quem pode escrever todo dia algo diferente, quente, ardente...
Algo que fique no tempo, que marque a vida de outro alguém!

Anjos me dizem algo a todo momento,
Em cada esquina, em cada instante que vivo,
Percebo a presença e a força do que vem do alto!
Talvez você não entenda, mas viver ultrapassa qualquer tipo de entendimento...
Porém não é preciso entender tudo,
Algumas sensações são muito melhores do que as certezas que, às vezes, pensamos ter!

Prefiro as possibilidades, os acasos com todas as suas inesperabilidades!
Não corro atrás do que é certo, mas daquilo que me faz feliz!
Não fico esperando o momento ideal,
Às vezes a espera pode levar uma vida inteira...

Escrevo, sobretudo, para dar vazão aos meus sentimentos!
Prendo-me a valores, a ações afirmativas, a pessoas especiais...
Dispenso o vazio do silêncio, o grito dos sem-razão, a ofensa de quem nada diz!
Presto atenção às palavras: escritas, faladas, sussurradas,
Mas, àquelas em que o prazer de lê-las, ouvi-las, senti-las,
Minh'alma procura, espera, corre atrás!

Então, um brinde à sabedoria das letras!
Um brinde a toda palavra que permanece em nossas memórias...
E a toda inspiração de quem, ao escrever,consegue
Revigorar sonhos,
Transformar vidas
E reescrever histórias!

sábado, 16 de abril de 2011

Saia do clube das perdidas!

Por Karine Bighelini, 15/04/11
Ando meio perdida! Aliás, arrisco em dizer que não estou sozinha nesta constatação. Há uma semana atrás, conversando com uma amiga que já está fora do Brasil há um bom tempo, descobri que estatisticamente esta "população" vem crescendo progressivamente. "Já existe até um clube", disse ela. "E caso também estejas, és a sexta que percebo neste mês...". Brincadeiras à parte, seria cômico se não fosse trágico! Mulheres bem sucedidas, inteligentes, bonitas; mas, não tão bem resolvidas...

Comecei, então, a divagar nesta "crise da identidade feminina". A moda é estar na moda, ser bonita e contemporânea, pertencer a padrões, a modelos sociais, "estar" feliz a qualquer custo. Parecer natural? Talvez, sim! Às vezes, a originalidade é "chique", é "on", é "up". E é nesse viés cultural ("ser ou não ser, eis a questão") que muitas mulheres se perdem.

A inautenticidade tornou-se uma praga social. Tudo o que pertence ao outro (ou melhor, à outra), soa-nos melhor! Perdemo-nos em um universo alheio, em uma realidade paralela que se sobrepõe a nossa de uma forma muito natural. Capaz de produzir, anos mais tarde, uma crise de tempos e modos verbais. É o encontro do imperfeito do subjuntivo com o futuro do pretérito: "Ah, se tivesse agido de tal forma, teria sido mais feliz...". "Se pensasse desta forma ontem, hoje seria bem diferente...".

Há falta de paralelismo entre nossos comportamentos. Há ambiguidade de sujeitos em nossas relações! Escravizamos o interior, aprisionando nossas vontades. Em contrapartida, ressaltamos a embalagem produzida por outros olhares, por outras idéias concebidas. Acabamos mostrando várias identidades em detrimento de uma. Uma que deveria ser nossa e única. Será que está valendo à pena?

Em 2008, no Jornal O Globo, Roberto Damatta pronunciou uma frase emblemática: “Vivemos num mundo curioso. Tudo o que nele ocorre é global, universal e uniforme e, no entanto, os eventos que mais chamam a atenção são os que têm um feitio único, singular, especial.” Voltemos, então, a nossa exclusividade, a nossa singularidade. O sentido é ser única, é pensar e agir do nosso jeito. Portanto, saia do clube das “perdidas”... Encontre-se com sua identidade!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sabedoria

Por Karine Bighelini, 24/02/09

Caminhando a passos largos,
Respiração rápida, intensa,
E tudo é tão veloz, tão automático
Que os rostos tornam-se placas...
Passamos por eles, mas nada sabemos deles!

Quando vimos, o dia já se foi
Tarde e noite quase se unificam
E nem sentimos as horas passarem...

É tanta pressa, tanta vontade de chegar ao fim
Que deixamos pequenos detalhes na prateleira da vida
Na espera de um momento que talvez nunca seja oportuno..

Guardamos o tempo como se o mesmo fosse nosso, somente nosso
Guardamos a vida, formatando-a, engessando-a de uma forma
Que de tão “moldada”, acaba por não ser nossa!

Por que tanta pressa? E ao mesmo tempo por que tamanho cuidado?
Será que a pressa é sinal de fome de viver, sinal de tempo aproveitado?
Talvez sejamos ferozes na “vontade de mundo” e mansos na sua leitura!

Acho que aprendemos a ler o mundo de forma equivocada
Aprendemos a querer algo por uma simples vontade coletiva
Deixamos de lado a nossa cadeia vital: seres, mentes e objetivos únicos!
Deixamos o mundo ditar nossas regras, nossos sonhos...
E estes adormecem, hibernam esperançosos!

Precisamos compreender, primeiramente, que a vida passa rápido demais
Mas que essa velocidade será maior ainda se não sintonizarmos com o universo
Com nossa infinita e permanente sabedoria!
No momento em que soubermos identificá-la, o pensamento e a provisão serão sinônimos de vida em abundância!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Recomeçar...

Por Karine Bighelini, 23/08/2008.

Voltei ao início de minhas aspirações
Olhei para trás e percebi que a essência maior
Ainda estava lá...

Apesar do tempo passado,
Das distâncias percorridas,
E de outros sonhos alcançados
O maior e mais importante, ainda, estava vivo
E ansioso por sua realização.

Decidi, então, recomeçar...
Recomeçar, exatamente, do momento de onde eu estava
Sem esquecer nem elidir nada
A essencialidade de tudo foi e sempre será inesquecível em minha vida.

Recomeçando, reconstruindo e revitalizando-me...
Esta tríplice semântica trouxe-me de novo a minha verdade
Que sempre pulsou, que sempre esteve incorporada em minh’alma
E que, por alguns anos, – somente alguns – aceitou adormecer.

Ainda, ontem, achei que o caminho era decididamente o escolhido
Mudar a direção por quê? Trilhar outros passos para quê?
Foi então que percebi que na vida tudo tem dois lados:
Cara e coroa, céu e inferno, derrota e vitória...

Na vida, todos têm a sua moeda
E a busca pelo equilíbrio foi quem me fez encontrar os meus dois lados...
Foi só girar e apostar que valeria a pena.

A quem me pergunta, respondo sempre: Faria tudo outra vez...
Quem se nega a recomeçar, aceita, simplesmente, não sair do lugar!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Aprendi...

Por Karine Bighelini, 24/02/08

Aprendi que o mundo não pára para você decidir o que fazer
Que a vida não tem o dever de escolher o melhor
Que nossas maiores decisões devem ser tomadas em harmonia com o coração e a razão
Pois, algumas delas poderão deixar marcas irreparáveis!

Aprendi que sempre é tempo de pedir perdão quando aquela mesma razão equivocou-se
Nem sempre este lado é mais sábio do que o da outra parte
Embora, tenhamos sempre vontade de estarmos absolutamente corretos!

Aprendi que a mesma mão que acaricia pode ser a que foge...
De um momento importante, de uma sensação única ou de um “simples estar”!
Que mais vale o silêncio do que uma palavra pronunciada em um instante errado
Às vezes, o “menos” pode ter muito mais significado para aquele que precisa!

Aprendi que sonhos são sempre bem-vindos
Jamais apague-os ou ignore-os de sua mente
Mais tarde, você chegará à conclusão que o caminho tomado não foi tão perfeito...
E aí sobrarão, apenas, lembranças de um futuro que nunca veio...

Aprendi que a perfeição não pode comandar sua vida
Pessoas e erros podem estar, inevitavelmente, lado a lado
Mesmo que o “ótimo” seja sempre maravilhoso e esperado
É preciso entender que há um aprendizado em cada queda!

Aprendi que o hoje será muito mais importante que o amanhã...
Que a precipitação é inimiga voraz da paciência,
E que as melhores coisas da vida são, incrivelmente, as mais simples!

Então, esqueça de tentar adivinhar o que está por vir...
Entenda que fórmulas são relativas: talvez, elas não sirvam para você!
Mesmo que o futuro desenhado seja extremamente sedutor,
E que sua imaginação apresente-se irretocável,
Há coisas que, jamais, nosso coração poderá prever!

Portanto, não construa castelos de areia...
Não viva os sonhos que não são seus...
Busque a sabedoria no lugar do comodismo
E aprenda que a vida não é feita de certezas... mas, de possibilidades!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Em algum lugar...

Por Karine Bighelini, 16/02/08

Conta-se que, em algum lugar, há magia, encantamento e felicidade
Lá, a liberdade de pensar, debater e evoluir são pressupostos básicos para os relacionamentos
Aprende-se que o respeito vem antes do julgamento
Entende-se que a união é o fermento do crescimento
Compreende-se que nossos corações são fortalecidos pela paz de espírito.

Homens e mulheres complementam-se, sempre
Não há inveja, avareza ou ira
Pois, não há espaço para esses pecados capitais...
Nem mesmo a tristeza ousa em lá estar..
Pois, a alegria está sempre presente e não deixa ela entrar!

Dia desses, ouvi alguém questionando sua infelicidade
Mostrou-me por a + b que a vida era injusta demais,
Que seus sonhos sempre foram devaneios ou pura imaginação...
Vi em seu rosto amargura, decepções e um olhar perdido
Em seus olhos, havia mais palavras do que em sua própria boca.
Era muita tristeza em um único semblante...

Comecei a pensar que vivemos todos em um “mesmo lugar”
A diferença está em como você enxerga e o que você faz nesse lugar!
O valor da vida é poder senti-la, contemplá-la e buscar os nossos sonhos.
Nem sempre teremos o que almejamos, mas inevitavelmente, só seremos aquilo que nós queremos!

A vida é povoada de sentimentos
Alguns complicados e até inexplicáveis, mas a decisão é nossa em escolhê-los e praticá-los...
Por isso, não busque, apenas, “algum lugar para ser feliz”,
Entenda, somente, que a escolha é sua,
A magia, o encantamento e a felicidade estão bem mais próximos do que você imagina...
Não busque fora o que está dentro de você!

domingo, 9 de dezembro de 2007

"Em obras"

Por Karine Bighelini, 09/12/07

Meu olhar mudou sua direção
Agora, vejo muito além do que antes existia
Hoje, penso na intensidade
No desejo de querer mais e de ter mais...

Meu sorriso mudou
Meus caminhos mudaram
Sonho e acredito muito mais.

Meus pensamentos continuam abundantes
Mas, abundantes de luz, paz e tranqüilidade
Estou convencida de que outras cores existem e são mais belas
E de que a vida tem muito a me oferecer

A cada minuto, tenho a certeza de que o melhor está por vir
Não penso em tristezas passadas, em temores que, antes, estavam presentes
Em minha frente, novas alegrias e novas esperanças são vistas e ansiadas
Creio no amor como um dom supremo e inerente a minha vida

Agora, caminho com passos confiantes
Com pensamentos fortalecidos
Com um sorriso jamais visto antes
Sou força, luz e ação abundante
Tenho fé, busco vitórias e, tenho, apenas, uma certeza:
Meu ser estará constantemente “em obras”!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A ti, Senhor...

Por Karine Bighelini, 15/11/2007
Agradeço por tudo aquilo que tens feito
E por tudo, ainda, que está por vir
És minha fonte de inspiração, de sabedoria, de cura e de libertação
Minha vida está em tuas mãos
E a ti, e somente a ti, Senhor, eu obedeço

És o que o meu coração necessita
És o que a minha alma tem sede
Tens o poder, a glória e a benção sobre toda a minha vida

Minha força, minha procura e todas as minhas respostas
Estão em ti, Senhor, hoje e sempre
Visita-me, proteja-me e abençoa-me
Faz de mim um instrumento da tua bondade e da tua magnitude
Ilumina-me e fortalece minha fé
Pois dela preciso e por ela quero viver!
A ti, Senhor, eu agradeço! Amém!

domingo, 4 de novembro de 2007

Mesmo assim

Por Karine Bighelini, 04/11/2007

Mesmo assim,
Permaneço fortalecida...
Olho para trás e assimilo as mudanças como gotas necessárias
Como óleo que queima, mas que também abençoa.

Passei a acreditar que tudo e todos têm um porquê
Mesmo que tentada a duvidar, muitas vezes, dos motivos reais
Meu aparente descrédito é interiorizado de certezas a serem aprendidas.

Agora, passo não mais a duvidar de nada
Nesse momento e daqui pra frente, experiencio porque sei que é preciso
Não porque quero daquela ou desta forma,
Mas, porque acima de mim, existe algo superior
E minha visão, pequena e aparente, é e será conduzida por uma essência muito maior que pensava eu possuir.

Quanta pretensão existia...
Quantas certezas afirmava ter...
Tudo aquilo e o resto foram um dia:
Luzes apagadas, portas fechadas, olhares retirados...

Ao invés do ontem
Procuro, hoje, o que antes não tinha ou não queria.
Valorizo a simplicidade à complexidade
Troco as aparentes felicidades passageiras à intensidade
Busco o amor e toda a sua sabedoria...

Sabedoria do ir e vir das ondas do mar
Sabedoria do canto e da dança dos pássaros
Sabedoria que pra uns passa desapercebida
Mas, que para mim, tornou-se muito mais que necessária.

Essa será a busca pela minha sabedoria:
Acender luzes, abrir portas e sorrir com a alma!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Prazer em Conhecer-se

Por Karine Bighelini, 13/10/2007

Além das fronteiras da vida,
Além dos impasses presentes,
Encontra-se a soma de todos os sentimentos humanos.
Encontra-se, lá, a chave para que o nosso entendimento possa, enfim, fortalecer-se.

Em princípio, nossos olhares são afrontados com a força do impossível.
Desacreditamos, muitas vezes, que apesar de sermos falíveis,
Temos um poder adormecido e à espera de uma oportunidade...

A vida, então, responde de fato
Fala, resmunga, assovia, acena do outro lado da rua
Passamos por ela com um ar de “será possível mesmo”?

Choramos lágrimas, gritamos por socorro,
Procuramos por algo, chamamos por alguém...
De repente, o espelho aparece a nossa frente
E enxergamos aquilo que sempre esteve a nossa espera...

Uma resposta que automaticamente vem acompanhada de uma pergunta:
“Onde você estava?”
E sem percebermos, entendemos que ela sempre esteve ali...
A nossa espera, ao nosso chamado: dentro de nós mesmos!
E uma voz contínua, presente e enfática nos diz:
“Prazer em conhecer-se!
Acredite que sempre estive dentro de ti
Eis-me aqui, hoje, amanhã e por todo o sempre!”



Vídeo Evoluindo...

Vídeo É o coração que mais importa

Resiliência: o comportamento dos vencedores!

Por Karine Bighelini

O iatista Lars Grael, o modelo Ranimiro Lotufo, o músico Ray Charles, o jogador Ronaldo “o fenômeno”, e tantos outros exemplos, relacionam situações diferentes de vida; mas, entretanto, unificam uma capacidade imprescindível para aqueles que, acima de tudo, buscam, na mudança, um processo de desenvolvimento e renovação.

Sabiamente, Carlos Drumond de Andrade, escreveu: “A dor é inevitável. O sofrimento, opcional”. Pois, sua lucidez poética já reverenciava uma das maiores capacidades humanas, atualmente muito discutida e valorizada, tanto na esfera pessoal quanto na corporativa: a Resiliência. Este termo provém das Ciências Exatas, especificamente, da Física; onde se define que Resiliência é a capacidade que um elemento tem em retornar ao seu estado inicial, após sofrer uma influência externa. Por mais que ele seja pressionado, o mesmo retorna ao seu estado original sem deformação.

Saímos da Ciência Lógica e entramos na humana definição de Resiliência. Dentro da Neuropsiquiatria, estudos têm demonstrado que nosso cérebro tem a capacidade de se moldar diante dos acontecimentos vivenciados em nosso dia-a-dia, sendo que o ambiente em que estamos inseridos tem grande papel transformador. Nesse sentido, nossa capacidade de renovação é completa. E não podia ser diferente com nossos pensamentos, atitudes e formas de assimilação para determinados acontecimentos. Na verdade, a maior certeza que temos é que o ser humano é único e diferente. Logo, há diferenças comportamentais em cada indivíduo. Certas pessoas tornam-se resignadas e acabam aceitando, passivamente, os dissabores da vida. Essa resignação compromete a ação de lutar contra o que ocorre, e a renúncia gera a acomodação frente a cada situação diferente e nova. Costuma-se dizer que tais pessoas sofrem da "Síndrome da Gabriela": "eu nasci assim, eu cresci assim, sempre fui assim. Gabriela... Sempre Gabriela...". Outras são, totalmente, reativas. O ambiente é que comanda sua satisfação pela vida. Suas reações são reclamar e praguejar, sendo que nem ao menos tomam alguma atitude efetiva para a mudança. A revolta é uma das principais características de comportamento. Mas, há aquelas que além de confrontarem as situações, enfrentam as tensões com desenvoltura, fazendo de cada experiência um aprendizado positivo. Ao invés de focarem no problema, focam na solução. Ou seja, desenvolveram ao longo da vida, um comportamento resiliente.

Não é por casualidade que a palavra "desenvolveram" foi adicionada na frase acima. Todos nós podemos ser resilientes. A Resiliência não é um traço de caráter hereditário que possuímos ou deixamos de possuir. Trata-se de uma conquista pessoal. Não é à toa que a superação e o crescimento humano são potencializados em momentos de dificuldade! O ser humano precisa enfrentar desafios para testar seus próprios limites. Quantos de nós já não vivenciamos situações de total dificuldade e quando pensávamos que não haveria mais saída, tempo ou solução, acabamos reabastecendo-nos de mais energia ainda? Para responder tal questionamento, destaco duas variáveis fundamentais para o fortalecimento da Resiliência: disciplina e autoconfiança. A primeira vem através do tempo. Esta nos ensina que nosso processo evolutivo é construído diariamente; pois, o problema não está em nossa realidade, mas na forma como a interpretamos. Sabemos que não somos senhores do tempo, nem podemos evitar todas as situações desagradáveis; mas, a maneira como reagimos a elas é que definirá o nosso sucesso. Quanto à autoconfiança, essa é a maior característica do comportamento resiliente. A superação só acontece porque, antes de tudo, acreditamos em nosso potencial regenerativo, em nossa capacidade de crer e agir em prol do positivo.

Outra análise que pode ser feita, é que a baixa Resiliência tem legitimado a não permanência de muitos profissionais no mercado corporativo, pois nunca, em momento algum, fomos tão cobrados pela nossa capacidade de flexibilização diante das dificuldades. O indivíduo que não consegue gerenciar e reverter uma situação adversa, precisa mudar o foco, ajustar as velas, "resignificar" o seu modo de vida, para que tais obstáculos e acontecimentos diários sirvam como promoção de seu desenvolvimento pessoal e profissional.

A música ‘Volta por Cima’, de Paulo Vanzolini, tem muito a nos ensinar sobre Resiliência. O seu refrão diz: "...Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". E esse foi o comportamento de um dos nossos maiores atletas brasileiros... Em setembro de 1998, o bicampeão em iatismo, Lars Schmidt Grael, teve sua perna direita amputada, devido a um acidente que interrompeu sua vitoriosa carreira esportista. Ao ser entrevistado e questionado sobre qual teria sido a lição aprendida desse episódio, Lars Grael concluiu: "O erro das pessoas, em geral, é se voltar para trás. Comparar o presente com o que tinham antes. Se eu fosse comparar minha vida anterior com a vida que levo hoje, com certeza teria entrado em depressão. Mas não adianta ficar olhando para trás. Temos que lidar com o 'aqui e agora'. Poderia ter sido pior, e tenho a obrigação de me sentir no lucro".

Vídeo Resiliência

Gestão do Futuro: uma questão de gênero ou uma construção da complementaridade?

Por Karine Bighelini
Muito tem-se falado em novos modelos de Liderança, em gestões que inspirem empresas, equipes e pessoas, e que promovam negócios lucrativos, clientes satisfeitos e profissionais felizes. Há algumas décadas, este discurso não era tão diferente quanto ao de hoje. No entanto, a maioria dos esforços estava centrada no atingimento de resultados e, para tanto, o papel do líder nem sempre era visualizado como um fator decisivo e estratégico, mas sim, como mais uma ferramenta de administração nas organizações.

Hoje, vivemos um momento único no cenário corporativo, em que a análise acima realizada vem, a cada instante, gerando reflexões, reavaliações e um conseqüente interesse por profissionais de Gestão de Pessoas e áreas afins. A grande pergunta refere-se à existência de modelos de gestão do futuro. Dentro deste pensamento, alguns questionamentos são gerados para tentarmos avançar corporativamente: será que o gestor do futuro é uma questão de gênero masculino ou feminino ou uma construção da complementariedade de ambos?

Antes de contribuir para essa questão, cabe apresentar alguns estudos desenvolvidas sobre Liderança. No século passado, destaco uma das primeiras leituras sobre o assunto, a chamada Teoria das Características dos Grandes Homens, que buscava reconhecer as características que distingüiam os “grandes homens” ou a conduta dos líderes das suas massas, tais como: Napoleão, Júlio César e Alexandre, o Grande. A maioria desses estudos buscava construir uma teoria geral das características da Liderança; entretanto, sua função notável foi o embasamento para que os “opinion makers” (vulgo gurus) da gestão construíssem algumas listas de características e/ou habilidades que os líderes possuíam ou deveriam desenvolver. Percebe-se, no entanto, que a abordagem das características das pessoas é cada vez menos aceita pelos estudiosos no assunto. Ainda compreende-se, também, que as empresas estão assimilando esta mudança, e esse cenário está sendo requisitado muito mais no processo de seleção de profissionais do que no treinamento dos mesmos. Hoje, sabe-se que a eficácia dos líderes não está ligada substancialmente aos traços pessoais, mas também, e inclusive, à abordagem de comportamentos dos mesmos. Nesse momento, a ênfase ao treinamento é muito maior, pois comportamentos podem ser aprendidos e pessoas treinadas são capazes de obter melhores resultados dentro do que se é esperado por cada organização.

A partir dessa tendência, desenvolveu-se uma “classificação” dos Estilos de Liderança e suas respectivas funções. Relaciono, aqui, duas correntes que embasam essa afirmação: a Escola Clássica da Administração e o Movimento das Relações Humanas. A primeira, embasava o papel do líder para o interesse ao trabalho e às tarefas, onde os empregados eram vistos, apenas, como instrumentos para o alcance dos objetivos organizacionais; e a presença do gestor autoritário era um componente intrínseco a essa realidade. Quanto ao movimento das Relações Humanas, começou-se aqui o interesse pelas pessoas, pela suas individualidades e necessidades pessoais e profissionais. A efetividade do gestor democrático, participativo, legitimou essa tendência, apontando para um novo perfil gerencial.

Estamos em um momento onde, mais do que nunca, o comportamento humano torna-se foco estratégico de negócio dentro das empresas. O alinhamento das competências humanas às estratégias corporativas potencializa a necessidade de nos preocuparmos e investirmos, cada vez mais, no lado humano da liderança. E nesse sentido, cabe colocarmos o papel da profissional mulher nesse cenário. No princípio, o espaço feminino era altamente limitado, pois muitas das profissões eram ditas “masculinas” e, na maioria das vezes, as vagas disponíveis limitavam-se em escritórios para exercerem funções como telefonistas ou secretárias, e ao passo que a carreira pouco evoluía. Hoje, a realidade está editando uma nova história dentro das organizações. Cada vez mais, assistimos à crescente presença feminina em grandes empresas e em cargos, anteriormente, ocupados por homens. Não quero potencializar aqui a bandeira feminina, os direitos compartilhados e os sucessos conquistados, mas sim, focar nesse novo ambiente profissional onde homens e mulheres exercem papéis de gestores, e de que forma essa relação profissional se desenvolve. Quando falamos em relacionamento profissional, estamos indiretamente nos referindo a estilos, perfis, culturas, sentimentos e comportamento humano. Homens e mulheres são diferentes, pensam diferente, agem diferente, sonham diferente, mas todo esse antagonismo precisa e deve encontrar sinergia para que a eficácia desses líderes reflita no atingimento de metas e estratégias organizacionais.

O gestor do futuro está longe de um modelo de gênero, de sexo ou de um comportamento específico. Enquanto profissionais, nossa maior dificuldade está em nos conhecermos como homens e mulheres com diferentes perfis e conjugarmos essa mistura de olhares dentro da gestão corporativa. Já enquanto empresas, cabe a elas, por exemplo, prestar maior atenção nessas diferenças importantes, sabendo aproveitá-las para um melhor entendimento dos colaboradores de uma organização. Estes sim, têm sexo, têm necessidades e comportamentos específicos. E essa aproximação é a chave para que a complementariedade de gêneros legitime a construção de uma gestão perfeita e de futuro.