quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ler nas entrelinhas...

Por Karine Bighelini, 22/09/11


Na aula anterior de Elaboração de Textos e Revisão Gramatical, fomos convidados a responder um “jogo surpresa” em, apenas, 10 minutos. Tal experiência rendeu-nos algumas reflexões pelas quais fomos surpreendidos com os resultados apresentados, ao final, pelo professor.  Em nossa grande lição e, humildemente, parafraseando Mário Quintana, pudemos constatar: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.

Alguns sintomas de nossa desenfreada modernidade são observados em brincadeiras lúdicas como essa descrita acima. O corre-corre do dia-a-dia corrobora a teoria de que a pressa é inimiga da perfeição; mesmo assim, vivemos constantemente em um grande paradoxo: é preciso ser rápido e a eficácia é imprescindível... Será que estamos devidamente preparados? Será que a velocidade exigida está em perfeita consonância com nosso organismo? O que tem sido mais relevante: a rapidez ou a assertividade?

Questionamentos como esses norteiam pesquisas no mundo todo e algumas conclusões merecem ser discutidas. Nosso cérebro é uma “máquina” que, como todas, precisa ser programada e revisada constantemente. Somemos, agora, todas as informações recebidas a cada minuto, a cada hora, a cada dia... Imagens, sons, informações midiáticas, pensamentos produzidos a partir do que vemos e sentimos são, somente, exemplos do que essa “máquina” precisa processar, filtrar e, finalmente, armazenar ou não... Não temos, aqui, um processo padrão, pois somos indivíduos únicos. Logo, as práticas de armazenamento podem ser diferenciadas. E é a partir dessa conclusão que precisamos entender que não podemos ser produtos formatados conforme nossa sociedade atual pressupõe. Os estereótipos criados são mantidos, justamente, porque não estamos programando nossa vida de acordo com nossos anseios e objetivos desejados. E isso pode ser, perfeitamente, possível...


Mas, o que Mário Quintana tem a ver com tudo isso? Tudo! Português, poesia; vida moderna, velocidade; enfim, sapiência, sabedoria... Naquela ocasião, 09 perguntas e 10 minutos foram o cenário para concluirmos que a literalidade não é suficiente para entendermos, de forma eficaz, o que nos é proposto. Precisamos, acima de tudo, de algo mais: a “máquina” não vive sem suas subjetividades. E a assertividade, inicialmente questionada, revela-nos que sabedoria não é sinônimo de conhecimento; mas sim, de um conjunto de dados, experiências e práticas construídas e reavaliadas. O que tiramos de tudo isso? Que não basta ler, é preciso “ler nas entrelinhas”...